"À parte disso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

E depois...

quando em pedem para descrever o meu período de Erasmus eu escrevo:


Eu estou neste momento com o parêntesis “Exchange Student” a terminar o prazo. Cheguei a Alnarp, Suécia, em Agosto deste ano e, caindo na realidade, daqui por uma semana estarei a entrar no avião que me levará para Portugal.
Se me perguntarem porque me candidatei a Erasmus talvez ainda hoje não saiba responder com 100% de certeza. A confirmação chegou em inícios de Junho e eu só em Julho é que me decidi a enviar uma resposta aos serviços de mobilidade da minha Universidade e da Swedish University of Agricultural Sciences, ficando com um mês para tratar de tudo. Porquê a Suécia? Por ser o único protocolo Erasmus em Inglês que a minha Universidade oferece ao meu curso, e por ter um bom feedback da Universidade.
Embarcámos três estudantes com o mesmo objectivo no avião em Agosto, deixámos para trás o melhor mês de praia, sol e saídas de Verão, para viver num país que um dia com 20 graus é algo extraordinário.
A viagem começou logo bem com um daqueles rótulos de “nunca mais me esqueço disto”, é que chegámos à porta de embarque faltava 1 minuto para o avião descolar, e diz-nos a senhora do controlo: “Não sei se vos posso deixar embarcar.” Não sabíamos se havíamos de rir se de implorar muito para nos deixar entrar porque precisávamos mesmo. Conseguimos, mas com 35 minutos de atraso e toda a gente agitada nos bancos não nos escapámos de ouvir o capitão de bordo “Pedimos desculpa pelo incómodo causado pelo atraso de três passageiros.”. E nós a tentarmos desaparecer nas cadeiras...
Desde o dia da chegada até hoje tem sido um enriquecimento quer pessoal quer profissional. A nível pessoal porque o povo sueco é muitíssimo civilizado, respeitam, defendem e protegem aquilo que é seu, que gostam e que querem com uma vontade contagiante, simples coisas como a reciclagem, a preocupação do uso de sacos reutilizáveis nos supermercados, a alternativa bicicleta ou transporte público em relação ao carro, a necessidade de aos fins-de-semana pegarem na família e irem andar por aí, tudo o que seja parques e reservas naturais estão cheios ao Sábado de manhã.
A nível profissional porque eles trabalham e trabalham muito bem, em relação ao ensino universitário para lá de 5 estrelas, desde os temas dos trabalhos, a avaliação, e aquilo que mais diferença senti o acompanhamento nos trabalhos e ao longo de toda a disciplina, fora das aulas, são incansáveis, mas isso é característica também do próprio povo são simpáticos que até nos fazem desconfiar se não é simpatia a mais, são prestáveis que metemos sempre o pé atrás, e estão disponíveis a 100%...mas só até as 16h, depois disso devemos todos ter paciência é tempo de família, desporto e descanso!
Aprendi que as melhores escolas de línguas são os supermercados e tentar ir às compras sem qualquer tipo de dicionário, e só à terceira tentativa conseguir diferenciar o leite do iogurte, a água com gás e sem gás, e não me digam a teoria das bolhinhas porque não resultou e eu bem a agitei. Aprendi a distinguir uns 5 tipos diferentes de picante (e quase fiquei uma semana sem conseguir comer nada), aprendi a fazer o pão dos Kebabs, tartes à moda da Letónia e salada Russa como deve realmente ser – isto a nível culinário dava um livro quase!
Isto porque o meu contacto com as pessoas da Suécia foi basicamente na escola, em que tive duas turmas diferentes, mas enriqueceu-me bastante ter tido a sorte de ter ficado numa residência com 22 pessoas e nenhuma ser sueca. Somos divididos por dois pisos, o Paquistão e o Irão estão representados em peso, mas jogam na equipa também a Índia, Letónia, China, Coreia do Norte, Finlândia, França, Canadá e claro Portugal!
Daqui a uma semana estarei a meter na mala toda a tralha que trouxe, mas com consciência que irei mais pesada por tudo aquilo que aprendi e levo comigo.
A todos os que irão fazer Erasmus: toda a sorte para que aproveitem ao máximo e tragam com vocês recordações, que olhem como mais um motivo de crescimento pessoal (e profissional também); a todos os que estão indecisos em fazer Erasmus: embarquem, pois não vão conseguir viver nada disto pelos relatos de outros.
Nós já escolhemos a viagem que é a vida académica ao entrar na Universidade, cabe-nos agora fazê-la da melhor ou da pior maneira, de forma chata ou divertida e sorridente, o ponto de chegada é o mesmo, só muda o que está no meio, e Erasmus faz, sem dúvida, a diferença! 

Sara Almeida - Passatempo Besup

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